O governador Jerônimo Rodrigues (PT) encaminhou para a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) uma autorização para solicitar um empréstimo de R$ 650 milhões junto ao Banco do Brasil. Por meio de Projeto de Lei, protocolado nesta terça-feira (25), o governador alega que a quantia será utilizada para garantir investimentos em parcerias Público-Privadas.
A solicitação chegou com um requerimento de tramitação em regime de urgência. O pedido ainda será analisado em plenário e, caso aprovado, será apreciado com prioridade nas comissões temáticas da AL-BA.
“A presente proposição visa autorizar o Poder Executivo a contratar, junto ao Banco do Brasil S.A., com a garantia da União, operação de crédito interno no montante de até R$ 650 milhões. Os recursos serão destinados a garantir aportes e contraprestações nos contratos de Parceria Público-Privada, com previsão de contragarantias à União e consignação orçamentária para amortizações e encargo”, escreveu o governador.
Esta é a 22ª solicitação de empréstimo do mandato de Jerônimo Rodrigues. Ao todo, os pedidos de operação de crédito ultrapassaram a casa dos R$ 26 bilhões.
O novo requerimento vem uma semana após o governador enviar à AL-BA um projeto para contrair um empréstimo de R$ 300 milhões junto à Caixa Econômica Federal. Na ocasião, Jerônimo alegou que o valor será utilizado para garantir contrapartidas de projetos já firmados com a União, além de financiar diretamente novas intervenções nas áreas de infraestrutura urbana, mobilidade, saneamento, saúde e educação.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou um limite extra de R$ 3 bilhões para estados e municípios tomarem novos empréstimos em 2025. Trata-se da segunda ampliação do espaço para financiamentos, que agora alcança um total de R$ 21 bilhões neste ano.
A revisão foi aprovada nesta quinta-feira (27) em reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), colegiado formado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) e pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Na prática, a medida significa que governadores e prefeitos poderão ter acesso a dinheiro novo na reta final de 2025, um período estratégico para efetivar os contratos e conseguir dar início aos investimentos planejados antes de esbarrar em restrições impostas pela legislação eleitoral em 2026.
Em setembro, o governo já havia elevado o limite de empréstimos a estados e municípios, uma vez que esses entes já haviam praticamente esgotado o espaço original de R$ 15 bilhões para essas operações. Na ocasião, o aumento também foi de R$ 3 bilhões.
O Ministério da Fazenda informou em nota que, mais uma vez, os limites "estão praticamente esgotados".
A pasta disse ainda ter verificado que os estados que têm dívidas com a União e integram programas de ajuste ou acompanhamento fiscal não usarão todo o espaço reservado para operações de crédito neste ano.
Essas operações ficam fora do teto fixado pelo CMN. Como houve a revisão, o governo viu espaço para ampliar os limites gerais sem comprometer as projeções fiscais para 2025.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, desde 2023 o governo Lula deu guinada na política de financiamento aos governos regionais e tem incentivado a concessão de volumes significativos de empréstimos, principalmente por meio de bancos públicos federais.
Só nos dois primeiros anos de mandato do petista, estados e municípios tomaram R$ 94,5 bilhões em empréstimos internos. O valor não considera as operações externas contratadas com organismos multilaterais, cujas autorizações ultrapassaram os US$ 5,8 bilhões em 2023 e 2024.
O ritmo de concessão desses empréstimos entrou no radar dos especialistas como um fator de preocupação. Abastecidos com financiamentos e transferências federais, estados e municípios pisaram no acelerador nos últimos anos e expandiram investimentos e gastos com pessoal, gastando mais do que a própria União e colhendo os dividendos eleitorais derivados dessas políticas.
A maior concentração de despesas também ampliou seu poder de influência no xadrez político nacional, como mostrou a Folha na série de reportagens "Desafio fiscal de estados e municípios".
Em 2025, especialistas esperavam uma desaceleração na liberação de novos empréstimos aos governos regionais. O aumento do limite, no entanto, cria as condições para que esse movimento seja mais tímido.
A resolução do CMN altera os limites para operações em três modalidades.
Nas contratações de crédito com garantia da União (que paga as prestações em caso de inadimplência), o valor subiu de R$ 9,5 bilhões para R$ 12,1 bilhões.
Já no caso das operações sem garantia do Tesouro, o limite passou de R$ 4,3 bilhões para R$ 4,6 bilhões.
O governo também revisou o espaço para operações carimbadas para investimentos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Os créditos com garantia da União subiram de R$ 2,7 bilhões para R$ 2,9 bilhões. Já aqueles sem garantia se mantiveram em R$ 1,4 bilhão.
O governo ainda eliminou um limite de R$ 100 milhões que estava reservado para contratações no âmbito de PPPs (Parcerias Público-Privadas). Os novos limites estarão à disposição dos entes a partir desta sexta-feira (28).
Por Bahia Notícias
