Calor ficará insuportável Crédito: Shutterstock
Quem achou que em 2024 fez muito calor, pode ser preparar para dias piores este ano. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) informou que 2025 está a caminho de se tornar o segundo ou o terceiro ano mais quente já registrado, mantendo a tendência de aquecimento extremo que vem se consolidando na última década. O boletim, divulgado pela agência da ONU a poucos dias da abertura oficial da COP30, em Belém (PA), mostra que as concentrações de gases do efeito estufa e o calor nos oceanos atingiram níveis sem precedentes. Fora isso, geleiras e calotas polares também continuam em retração acelerada, ainda segundo o relatório. As informações são do G1.
Secretária-geral da OMM, Celeste Saulo alertou que essa sequência sem precedentes de altas temperaturas, combinada com o aumento recorde dos níveis de gases de efeito estufa no ano passado, deixa claro que será praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5 °C nos próximos anos sem ultrapassar temporariamente essa meta. "Mas a ciência é igualmente clara: ainda é totalmente possível e essencial reduzir as temperaturas para 1,5 °C até o final do século", acrescentou.
Essa meta de 1,5°C foi estabelecida pelo Acordo de Paris em 2015 para evitar impactos extremos do clima, como secas, elevação do mar e colapso de geleiras. Estudos recentes, porém, mostram que o mundo pode já ter ultrapassado esse ponto crítico. A NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) atual do Brasil, por exemplo, inclui a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 53% até 2030 e zerar as emissões líquidas até 2050.
O relatório também foi citado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em seu discurso em Belém durante a Cúpula dos Líderes. Guterres destacou que, em cada ano em que se ultrapassar o limiar de 1,5 °C, as economias serão severamente afetadas, as desigualdades se agravarão e ocorrerão danos irreversíveis. "Devemos agir agora, com grande rapidez e em larga escala, para que esse aumento seja o menor, o mais curto e o mais seguro possível – e para que as temperaturas voltem a ficar abaixo de 1,5°C antes do final do século."
Ainda segundo a OMM, de janeiro a agosto de 2025, a temperatura média global ficou 1,42 °C acima da era pré-industrial, ligeiramente abaixo do recorde de 2024 (1,55 °C). Mesmo assim, os últimos 11 anos (2015–2025) serão, individualmente, os 11 mais quentes desde o início dos registros, há 176 anos.
As concentrações dos três principais gases de efeito estufa - dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O) - também voltaram a quebrar recordes. O CO₂ chegou a 423,9 partes por milhão em 2024, o valor mais alto já observado, com aumento inédito de 3,5 ppm em apenas um ano, segundo medições em estações como Mauna Loa (EUA) e Kennaook/Cape Grim (Austrália).
Por Correio24horas
