AO VIVO

No Senado, Galípolo diz que Brasil pode se beneficiar com guerra tarifária e que não há "bala de prata" para reduzir juros

Publicada em: 22/04/2025 22:56 - Economia

Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

 

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse acreditar que o Brasil pode vir a se destacar no cenário internacional caso haja uma escalada da guerra tarifária entre China e Estados Unidos. Galípolo deu a declaração nesta terça-feira (22), durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAEdo Senado. 

 

 

 

Para Galípolo, a diversificação da pauta comercial brasileira e a força do mercado interno são fatores de forte atração para investidores internacionais.

 

 

 

“A diversificação que o Brasil possui em sua pauta comercial, somada a um mercado doméstico relevante, passou a apresentar o país como um local de proteção. Na comparação com seus pares, o Brasil pode se destacar justamente por essa diversidade”, disse o presidente do BC.

 

 

 

A audiência pública desta terça foi convocada pelo presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Na sua fala, Galípolo disse que a guerra comercial atual pode provocar uma desaceleração econômica global mais intensa do que a prevista inicialmente, com efeito sobre os preços de mercado no Brasil e no mundo. 

 

 

 

“O que estamos vendo agora é um movimento que pode caminhar para um cenário de aversão ao risco. Se essa guerra tarifária escalar, podemos ter uma desaceleração mais abrupta e mais forte da economia global”, alertou Galípolo.

 

 

 

Sobre a inflação, que se mostra em viés de alta desde o ano passado, o presidente do BC disse que há incômodo dentro do Comitê de Política Monetária (Copompelo fato de a inflação estar acima da meta estipulada. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCAencerrou 2024 em 4,83%, acima da meta de 3% ao ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

 

 

 

“Obviamente, estamos todos no BC incomodados por não estarmos cumprindo a meta”, revelou o dirigente. 

 

 

 

Ele salientou que, em relação às altas taxas de juros, sempre é questionado no exterior como é possível o país mostrar um dinamismo tão grande na economia mesmo com a Selic em patamares elevados. “Talvez existam alguns canais entupidos na política monetária, que acabam exigindo doses mais elevadas do remédio, ou seja, juros mais altos, para se obter o mesmo efeito”, afirmou.

 

 

 

Nesse processo de aumento da taxa de juros, Galípolo brincou dizendo que ao Banco Central sobra o papel de ser o “chato da festa” para tentar derrubar a taxa básica de juros.

 

 

 

"Quando a festa está ficando muito aquecida e o pessoal está subindo em cima da mesa, tira a bebida da festa. Mas também quando o pessoal está querendo ir embora, você fala: ‘Fica, está chegando mais bebida, fiquem tranquilos, vai ter música, podem continuar na festa’. Então você tem esse papel meio chato de ser o cara que está sempre na contramão", disse Galípolo.

 

 

 

Para o presidente do BC, a solução para o recuo na taxa de juros passa por reformas estruturais de longo prazo, muitas delas fora da alçada do Banco Central.

 

 

 

“Não vamos ter uma bala de prata. Vai ser preciso bastante debate com a sociedade”, colocou.

 

 

 

Ainda sobre os desafios estruturais para o funcionamento da política monetária no país, Gabriel Galípolo reforçou que um dos pilares da agenda do Banco Central é a normalização da política monetária, que ainda enfrenta entraves.

 

 

 

“Existe um debate fora do Brasil sobre como a economia brasileira segue dinâmica mesmo com uma taxa de juros restritiva. Isso sugere para nós que os mecanismos da política monetária no país talvez não tenham a mesma fluidez que em outras economias”, explicou.
 

 

Por Bahia Notícias

 

 

Compartilhe:
COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!
Carregando...