A médica sanitarista Lígia Bahia, em entrevista ao Jornal da Bahia no Ar nesta segunda-feira (17), compartilhou suas preocupações e análises sobre os principais problemas enfrentados pela saúde pública no Brasil, abordando a precariedade na atenção médica, especialmente com a crescente influência dos planos de saúde.
“Há uma pressão muito grande de empresários para expandir o mercado de planos de saúde, mas o que eles estão propondo é uma privatização predatória, que acaba sobrecarregando o SUS e segmentando o sistema de saúde no Brasil”, afirmou Lígia.
A médica expressou sua preocupação com a proposta da Agência Nacional de Saúde Suplementar de aprovar um novo tipo de plano de saúde, com cobertura restrita, que ela descreveu como um "semi-plano" ou "plano melhoral". Para Lígia, esses planos funcionam quase como um simples cartão de desconto, sem oferecer o cuidado adequado aos pacientes.
Lígia ainda apontou os efeitos negativos dessa privatização para a população mais vulnerável. Segundo ela, o aumento no número de planos de saúde de baixa cobertura só agrava a desigualdade no acesso ao cuidado médico. "É um retrocesso, uma privatização que beneficia os empresários e prejudica os cidadãos, especialmente os mais pobres", declarou.
A médica também destacou a transformação na relação entre médicos e pacientes, ressaltando que ela se tornou mais fria e distante. "Muitas vezes, os profissionais não conseguem mais ter uma conversa profunda com o paciente, e o atendimento se torna cada vez mais mecanizado e superficial", lamentou.
Essa mudança na prática da medicina, segundo Lígia, é reflexo da pressão do mercado e da influência crescente do setor privado na saúde. "Estamos vendo uma situação onde médicos e pacientes estão cada vez mais afastados, com um sistema que não valoriza a relação de confiança e cuidado", completou.
Confira a entrevista completa:
Foto: Reprodução/ Redes Sociais