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Transações por Pix diminuem em janeiro marcado por crise, mas dentro do esperado pelo BC

Publicada em: 05/02/2025 08:55 - Economia

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

 

 

As transações via Pix tiveram um recuo levemente mais acentuado do que o padrão histórico em janeiro, mês marcado por desinformação sobre taxação do meio de pagamento mais popular do Brasil. O Banco Central, contudo, diz que o movimento está dentro do esperado, conforme a variação sazonal de início de ano.
 

Historicamente, o número de operações via Pix costuma cair no início do ano em relação a dezembro, período de maior consumo dos brasileiros com o pagamento de 13º salário e as festas de fim de ano. Mas levantamento feito pela Folha de S.Paulo observou que, em janeiro de 2025, a queda foi ligeiramente mais forte do que em anos anteriores.
 

De dezembro de 2024 para janeiro de 2025, a redução foi de 11,4%. Um ano antes, em igual período, a queda tinha sido de 8,6%. Na comparação entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, o recuo foi de 9,9%. O último dado é também mais acentuado em relação ao período de dezembro de 2021 com janeiro de 2022, quando houve diminuição de 10,7%.
 

Outro sinal de que houve uma redução mais significativa neste ano é que, pela primeira vez desde a criação do sistema de pagamentos instantâneos, em 2020, a quantidade de transações via Pix do mês de janeiro (5,06 bilhões no início de 2025foi menor do que o volume total de operações realizadas em novembro (5,17 bilhões no mês em 2024).
 

De acordo com o BC, esse comportamento reflete o arrefecimento das taxas de crescimento do Pix em linha com a maturidade do sistema.
 

"O fato da quantidade de Pix liquidados por meio do SPI [Sistema de Pagamentos Instantâneos] ser menor em janeiro de 2025 na comparação com novembro de 2024 reflete a acomodação natural das taxas de crescimento do instrumento", disse a instituição.
 

"É esperado que, com a maturidade da nova tecnologia, haja um arrefecimento nas altas taxas de crescimento interanuais, o que se observou, de fato, nas estatísticas ao longo do último ano", acrescentou.
 

Outro fator que pode ajudar a explicar esse comportamento do Pix em janeiro é o avanço do ciclo de alta de juros. Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetáriaelevou a taxa básica (Selicem um ponto percentual, a 13,25% ao ano.
 

Como os pagamentos estão sujeitos ao nível da atividade econômica, o efeito sobre o Pix é de redução no número de transações. A queda mais forte observada em janeiro pode, então, ser um indício de desaceleração da economia brasileira, quando associada aos outros fatores já mencionados.
 

Na ata do último encontro, o Copom reforçou que a desaceleração da atividade econômica é necessária ao processo de desinflação. Segundo o colegiado do BC, os dados mais recentes ainda dão sinais "incipientes" de moderação do crescimento da economia.
 

Ao considerar que o movimento do Pix está dentro da variação esperada, o BC descarta indiretamente que a disseminação de fake news tenha causado prejuízo para o sistema.
 

Informações falsas sobre o meio de pagamento passaram a circular depois que entrou em vigor, em 1º de janeiro, uma norma da Receita Federal sobre monitoramento de transações financeiras.
 

A medida determinava que operadoras de cartão de crédito e instituições de pagamento, como bancos digitais, deveriam notificar operações que ultrapassem o montante de R$ 5.000 por mês para pessoas físicas e R$ 15 mil mensais no caso de pessoas jurídicas.
 

Antes da atualização, a norma se aplicava a bancos tradicionais e cooperativas de créditos, mas com limites mais baixos, de R$ 2.000 para pessoas físicas. O monitoramento do Fisco passaria a valer também para novos integrantes do sistema financeiro, como fintechs.
 

A atualização da regra desencadeou uma onda de desinformação nas redes sociais, que iam desde uma suposta cobrança de taxas adicionais no Pix até golpes bancários, além de críticas sobre a busca da União por aumento de arrecadação. A repercussão negativa foi tão grande que o governo recuou e revogou a instrução normativa no dia 15 de janeiro.
 

O governo publicou também, no dia seguinte, uma MP (medida provisóriapara reafirmar que pagamentos via Pix de pessoas físicas não serão taxados. O texto apenas reforçou as regras atuais, mas serviu ao governo como resposta política às críticas da oposição.
 

"O estrago causado está feito por esses inescrupulosos, inclusive senador e deputado, agindo contra o Estado. Essas pessoas vão ter que responder pelo que fizeram, mas não queremos contaminar a tramitação da MP no Congresso", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na ocasião.
 

Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MGfoi o principal promotor da campanha nas redes sociais contra a medida da Receita.
 

A repercussão negativa não se restringiu à economia e respingou na ala política. Integrantes do governo avaliam que a crise do Pix ajudou a acentuar a queda de popularidade do presidente Lula. Pesquisa Quaest divulgada no dia 27 mostrou que a avaliação negativa do governo petista superou a positiva pela primeira vez.

 

 

Por Bahia Notícias

 

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