Foto: Official White House Photo / Shealah Craighead
O presidente americano, Donald Trump, avançou contra os integrantes LGBTQIA+ do Exército dos EUA ao assinar nesta segunda (27uma série de decretos que proíbem o que o republicano cunha de uma "ideologia transgênero" nas Forças Armadas.
Nas palavras do presidente e de seu novo secretário de Defesa, Pete Hegseth, as diretrizes buscam "devolver aos militares uma cultura profissional inquestionavelmente masculina", rejeitando práticas de contratação igualitárias —ações que, disse Hegseth, diminuem os padrões e a capacidade de combate do Exército.
A posição foi ecoada por Trump horas antes de embarcar em um voo no avião presidencial, o Air Force One, em Miami, diante de congressistas republicanos. "Para garantir que vamos ter a força de combate mais letal do mundo, eliminaremos a ideologia transgênero de nossas Forças Armadas", disse ele.
O decreto desta segunda afirma que as Forças Armadas "têm sido afligidas com uma ideologia de gênero radical para apaziguar ativistas" e que "muitas condições de saúde mental e física são incompatíveis com o serviço ativo".
O texto presidencial diz ainda que "a adoção de uma identidade de gênero inconsistente com o sexo de um indivíduo entra em conflito com o comprometimento de um soldado com um estilo de vida honrado, verdadeiro e disciplinado, inclusive em sua vida pessoal".
"A afirmação de um homem de que é uma mulher e sua exigência de que outros honrem esta falsidade não são consistentes com a humildade e a abnegação exigidas de um militar", afirma o texto.
Após a assinatura dos decretos, grupos de defesa dos direitos dos transgêneros afirmam preparar uma ação judicial contra as ordens de Trump ainda para esta terça. Segundo a agência de notícias Reuters, o grupo GLAD Law e o Centro Nacional para os Direitos Lésbicos (NCLR, na sigla em inglêsdevem entrar com uma ação conjunta argumentando que as medidas violam as garantias de igualdade da Constituição americana.
Trump também direcionou o Pentágono a encerrar programas de diversidade e ordenou a reintegração de muitos membros do serviço dispensados por se recusarem a tomar a vacina contra o coronavírus.
Em alguns aspectos, os decretos desta segunda refletem outras que Trump assinou na semana passada com o objetivo de eliminar projetos de estímulo à diversidade, equidade e inclusão em todo o governo federal e limitar o reconhecimento do gênero de um indivíduo ao seu sexo de nascimento pelo Estado.
Em 2018, durante o seu primeiro mandato, ele assinou um memorando que determinava que indivíduos transgêneros com históricos de disforia de gênero, isto é, que pudessem "requerer tratamento médico substancial, incluindo medicamentos ou cirurgia", deveriam ser desqualificados dos serviço militar "exceto em determinadas circunstâncias".
O recrutamento de pessoas transgênero para as forças já tinha sido proibida em 2016, durante o governo do democrata Barack Obama.
Embora o novo decreto não tenha excluído imediatamente ninguém do serviço militar, ele deu ao Pentágono 60 dias para atualizar sua política sobre padrões médicos e 30 dias para apresentar orientações revisadas sobre como implementar a visão contida no documento.
O número de pessoas transgênero no serviço militar americano é relativamente baixo: cerca de 15 mil de um total de 2 milhões, ou menos de 0,8%. A prevalência de transgêneros na população total é ainda menor do que isso. De acordo com um estudo de 2022 do Instituto Williams, da Universidade da Califórnia, aproximadamente 1,6 milhão de pessoas maiores de 13 anos se identificam como transgênero no país, ou 0,6% dos habitantes.
No dia de sua posse, na semana passada, Trump prometeu varrer as políticas em favor das pessoas transgênero e afirmou que os EUA apenas reconheceriam "dois sexos, masculino e feminino", definidos ao nascer. "Esses sexos não são modificáveis e estão ancorados em uma realidade incontestável", afirmou um decreto que ele publicou naquela mesma data.
Ainda na sua cerimônia de inauguração, o presidente afirmou que "evitará a doutrinação" dos soldados americanos "por ideologias de extrema esquerda, como a teoria crítica da raça". Conservadores usam esse conceito de forma pejorativa para denunciar o ensino da sensibilização contra o racismo.
Na sexta-feira (24), o Senado dos EUA aprovou por uma margem mínima, com voto de desempate do vice-presidente J.D. Vance, a indicação de Hegseth para o cargo de secretário de Defesa. Ao assumir formalmente o cargo nesta segunda, o ex-apresentador da Fox News disse aos jornalistas que sua pasta implementará as decisões presidenciais "sem demora e sem exceção".
Também nesta segunda, Trump assinou um documento pedindo a construção de uma versão americana do "Domo de Ferro" israelense, um potente sistema antimísseis.
Por Bahia Notícias