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Deputados estaduais da Bahia gastaram mais de R$ 30 milhões para bancar mordomias e despesas em 2024

Publicada em: 10/12/2024 07:10 - Bahia

Imagine receber um salário mensal de R$ 33 mil, possuir mais de 10 assessores sem remunerá-los do próprio bolso, não precisar prestar contas sobre produtividade ou desempenho, ganhar dois longos recessos anuais, aparecer quando quiser ao trabalho e ainda ter mordomias de todo tipo bancadas pelo contribuinte. Essa é a doce vida dos deputados estaduais da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Levantamento feito pela Metropolítica junto à página de transparência da Alba mostra que os 63 parlamentares da Casa gastaram desde janeiro deste ano nada menos que R$ 31,5 milhões com a chamada verba indenizatória, repassada para cobrir somente despesas com o exercício do mandato. Basicamente, locação de veículos, hospedagem, pesquisas, consultorias, trabalhos técnicos, assessorias, passagens de avião, táxi aéreo, aluguel de escritório político, assinatura de TV a cabo e divulgação da atividade parlamentar. Em média, o montante corresponde a gastos de meio milhão de reais por cada deputado do início de 2024 para cá.

Fila da gastança
No ranking dos grandes consumidores de verbas indenizatórias da Alba, o deputado Felipe Duarte (PPocupa o primeiro lugar, com gastos totais de aproximadamente R$ 545 mil, seguido de perto por Marcelinho Veiga (União Brasil), com R$ 539 mil. Seis parlamentares aparecem empatados na terceira colocação, com despesas de R$ 537 mil: Soane Galvão (PSB), Diego Castro (PL), Luciano Araújo (Solidariedade), Eures Ribeiro (PSD), Leandro de Jesus (PLe Angelo Coronel Filho Filho (PSD). Logo abaixo, vem Alex da Piatã (PSD), cujas despesas somaram R$ 536 mil. Outros três estão embolados na quinta posição, com R$ 530 mil. São eles Bobô (PCdoB), Emerson Penalva (PDTe Marcinho Oliveira (União Brasil). Da lista, apenas Bobô e Eures são veteranos. Os demais são deputados de primeira viagem.

Segunda fila
A faixa de gastos que vai dos R$ 500 mil aos R$ 529 mil é a mais numerosa, com 30 parlamentares. Apenas do União Brasil, há sete deputados estaduais: Júnior Nascimento, Kátia Oliveira, Luciano Simões Filho, Manuel Rocha, Pedro Tavares. Sandro Régis e Alan Sanches, líder da bancada da oposição. Do PV, mais quatro: Ludmilla Fiscina, Marquinho Viana, Roberto Carlos e Vítor Bonfim. O PT também aparece com quatro representantes: Junior Muniz, Euclides Fernandes, Fátima Nunes e Rosemberg Pinto, líder da base aliada na Alba. Completam a lista Nelson leal e Hassan (PP), Ricardo Rodrigues e Ivana Bastos (PSD), Zé e Fabrício Falcão (PCdoB), Laerte do Vando (Podemos), Matheus Ferreira (MDB), Pablo Roberto (PSDB), Patrick Lopes (Avante), Raimundinho da JR (PL), José de Arimateia (Republicanos), Fabíola Mansur (PSBe Binho Galinha (PRD), investigado pela Polícia Federal por suspeita de comandar uma milícia especializada em extorsão, agiotagem, receptação de carga roubada e lavagem de dinheiro do jogo do bicho.

Menos é muito
Quase todos os demais deputados receberam de R$ 400 mil a R$ 499 mil este ano para custear, em tese, despesas com o mandato. Há apenas duas exceções abaixo dessa faixa: Neusa Cadore e Marcelino Galo, ambos do PT. Entretanto, embora os dois tenham usado, respectivamente, R$ 395,6 mil e R$ 262 mil, tanto Galo quanto Neusa Cadore só retornaram à Alba em março deste ano. Ela como herdeira da vaga do ex-deputado Paulo Rangel, nomeado à época conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), e ele como primeiro suplente na vaga do deputado licenciado Osni Cardoso, atual secretário de Desenvolvimento Rural do Estado. Ao mesmo tempo, Neusa Cadore assumiu no fim de julho o comando da Secretaria de Políticas para Mulheres no governo Jerônimo Rodrigues. Os valores obtidos durante o levantamento da Metrópole tendem a ser ainda maiores, já que não inclui as despesas lançadas entre esta segunda-feira (09e 31 de dezembro.

Propaganda pessoal
Por tipo de gasto, a maior soma, cerca de R$ 15 milhões, é relativa à divulgação da atividade parlamentar em 2024. O valor é praticamente a metade do montante dispensado aos deputados da Alba a título de verba indenizatória e inclui despesas com impressão de informativos gráficos sobre o mandato, execução de serviços para redes sociais, contratação de profissionais especializados em comunicação, além de repasses para blogs e portais da capital e interior. Da relação dos cinco parlamentares que mais efetuaram pagamentos para divulgar o próprio nome, Zó lidera, com custos ressarcidos de R$ 400 mil, de acordo com a página de transparência da Assembleia. Na sequência, vêm Roberto Carlos (R$ 388 mil), Binho Galinha (R$ 380 mil), o tucano Cafu Rodrigues (R$ 378 mile José de Arimateia  (R$ 371 mil).     

Parece piada, mas não é       
O levantamento mostra situações que beiram o escárnio com o uso de dinheiro público para bancar mordomias para os deputados baianos. É o caso de Vítor Azevedo (PL), que gastou R$ 24,3 mil para fretar um táxi aéreo da Abaeté no dia 19 de abril, em pleno feriadão da Semana Santa. Segundo a descrição incluída na nota fiscal apresentada pelo parlamentar, o pagamento se refere a um voo que saiu de Porto Seguro para Salvador na Sexta-Feira Paixão. O mais curioso é que há ligação aérea direta ou com escalas entre o principal destino turístico do litoral sul do estado e a capital baiana. Apesar de caras, as passagens em companhias aéreas que operam o destino certamente sairiam bem mais em conta do que o jato da Abaeté. Salvo, é claro, se ele viajou acompanhado, informação que não consta na nota emitida pela empresa, apresentada por ele à Diretoria Financeira da Alba e lançada na página de transparência.

Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Por: Jairo Costa Jr. no dia 09 de dezembro de 2024 às 19:44

 

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