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Número de médicos cresce mais de 20% na Bahia em três anos

Bahia 18/10/2024/ 06:55:44
Número de médicos cresce mais de 20% na Bahia em três anos

São 29.611 médicos na Bahia, segundo Censo da DemografiaMédica Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil

Com 29.611profissionais registrados, a Bahia tem, atualmente, a maior quantidadehistórica de médicos do estado. O número, inclusive, representa um salto de 21%em relação ao ano de 2020, quando só havia 24.413 inscrições ativas no ConselhoFederal de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb). Os dados são da DemografiaMédica 2024, estudo feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Entre asprincipais razões para o crescimento de profissionais da área médica, estão oaumento da demanda por parte dos estudantes, bem como a ampliação de faculdadesprivadas no território baiano.

Olevantamento do CFM também apontou que, em 2010, a Bahia tinha 16.651 médicose, ao longo de 14 anos, aumentou a população da categoria em 78%. Com isso, adensidade por mil habitantes também deu um salto: passou de 1,18 para 2,09médicos por cada grupo de mil pessoas. Esse crescimento, no entanto, não évisto com bons olhos por Otávio Marambaia, diretor do Cremeb, que acredita queesse aumento só foi possível pela ampliação de faculdades particulares.

“É muitoruim. Primeiro, porque a quantidade de faculdades privadas é muito maior do quea quantidade de faculdades públicas. Há uma enorme quantidade de faculdadesparticulares, cobrando preços exorbitantes sem oferecer ensino de qualidade.São faculdades que não têm campos de estágio, com um corpo docente insuficientee com pouca qualificação”, critica.

Na Bahia, 18instituições privadas e 11 universidades públicas ofertam o curso de Medicina,totalizando 29 escolas médicas. Para Yasmin Hanny Oliveira, 29 anos, queabdicou do curso de Engenharia Química nos últimos semestres somente paraestudar Medicina, a ampliação do número de faculdades foi benéfica, já que aUnidompedro – faculdade onde estuda – só recebeu autorização para ofertar ocurso em 2020.

Yasmindestaca que os únicos pontos negativos da faculdade são as cargas horáriasexaustivas e os valores exorbitantes que são cobrados. Mesmo sendo contempladapelo Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), amensalidade no valor de R$ 10.400,00 faz com que ela desembolse, mensalmente,R$ 1.215,22. Para isso, ela trabalha como autônoma, dá aula particular e temuma microempresa virtual de design gráfico. Todos os contras, segundo ela,encontram equilíbrio na realização do sonho.

“Dentre osprós em ser estudante de Medicina, com certeza estão o imenso conhecimentoadquirido acerca do funcionamento do corpo humano e a possibilidade de utilizardas habilidades aprendidas para ajudar pessoas, podendo levar um pouco deesperança e cura sempre que possível”, enfatiza.

O médicoHélio Braga, diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM), vai de encontro àformação acelerada de médicos por instituições que, conforme afirma, não atendeaos padrões de qualificação. “Muitas delas têm formado pessoas com aqualificação inadequada pela falta de campo de prática, pela falta deprofessores com formação adequada, já que muitos, inclusive, não são médicos, eisso coloca toda a população em risco. Esses profissionais,muitas vezes, terãoa formação insuficiente e não conseguirão prestar um diagnóstico ou umtratamento da forma mais adequada para os seus pacientes”, queixa-se.

Carlos JoelPereira, que é presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras dosEstabelecimentos do Ensino Superior do Estado da Bahia (Semesb), rejeita oargumento de que não há qualificação nos cursos de Medicina ofertado porinstituições privadas e defende que o crescimento de médicos atende a demandade estudantes por acesso.

“Nós estamoshabituados a ter carência de tudo e, quando vemos as coisas se normalizando,nos assustamos. Ainda estamos longe de atingir a expectativa de número demédicos que o país precisa. Então, avalio positivamente o crescimento defaculdades ofertando Medicina. As pessoas falam que não têm qualidade, mas essalógica não é possível, porque todo curso precisa ser aprovado pelo Ministérioda Saúde e pelo Conselho Nacional de Saúde. Somos rigorosos com essesrequisitos”, frisa.

Na Bahia, asmédicas são maioria: 15.150 contra 14.461 médicos. A média de idade dessesprofissionais é de 45,47 anos, enquanto a média do tempo de formado chega a18,81 anos. Na distribuição pelo território, verifica-se 16.309 médicos atuandona capital, Salvador, ou seja, 55% do total, e 13.302 no interior. A maioriados médicos não tem Registro de Qualificação de Especialidade Médica: 14.916.Outros 14.695 são especialistas.

Por Correio24horas

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